sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A Arte do apego (e do desapego)

A arte do apego (e do desapego)

fonte: O Estado de São Paulo 16 de outubro de 2011

Os assuntos de  A Lebre com Olhos de Âmbar, extraordinário livro de Edmund de Waal (editora Intrínseca, ótima tradução de Alexandre Barbosa de Souza), são muitos. Se você, como eu, é aficionado por artesanato japonês, Proust, Viena fim de século, Primeira e Segunda Guerras, entre outros nomes, endereços e datas, esse é o livro que você nem sabia que esperava. Como as miniaturas “netsuquês” cuja trajetória o autor biografa, o volume parece comprimir questões existenciais e históricas na leveza tátil de suas 320 páginas envelopadas por uma capa de textura notável. Sim, eis mais um tema em que nos faz pensar, a força palpável da polpa do papel como objeto em que as palavras se inscrevem em corrente. Computador não se folheia. E o livro de De Waal aguça o tato como parte do olhar. Depois que o fechei, precisei tocar em alguns objetos e quadros, como se pudesse encontrar mais coisas no que suponho conhecer tão bem.

Assim como o tema, é difícil definir o gênero do texto. De Waal, um ceramista inglês com formação em Literatura em Cambridge, fez uma espécie de mescla entre relato de viagem e ensaio cultural, à maneira de um Claudio Magris (Danúbio), mas que no fundo (ou na superfície) tem a simplicidade de uma narrativa de família. Herdeiro da coleção de 264 miniaturas japonesas que antes era de seu tio avô Iggie, Ignace Ephrussi, ele decide reconstituir a história dela desde que sua família a adquiriu, na Paris dos impressionistas. Isso o leva a viajar muitas vezes não só para a capital francesa, mas também para Viena (onde Iggie nasceu), Odessa (o porto ucraniano no Mar Negro onde toda essa genealogia judaica se originou) e, claro, Tóquio (onde Iggie morreu). Rever a história da Europa de 1860 a 1950 a partir de uma vitrine de bonequinhos japoneses, quase uma “toy art” de alto refinamento, parece dar o tom da narrativa.

Mas esse tom não é tudo. O que distingue o livro é a sensibilidade de De Waal, sua percepção de arquitetura, design e artes visuais, suas vastas leituras, suas perguntas inesperadas, sua meticulosidade de pesquisador. Não é por seus interesses múltiplos e por sua forma livre que o autor não determina seu assunto com clareza; é pela riqueza de associações, pelo respeito à grandeza da história que tem literalmente em mãos, gestos que seriam dignos de um grande ficcionista. Como artesão, ele se diz interessado na pátina que as coisas adquirem com o passar das épocas, as memórias que se imiscuem no marfim daqueles minúsculos bichos e personagens. Como os objetos são manuseados e como se relacionam com os demais, deslocando “uma parte do mundo em torno de si”, é sua questão primária. Não se trata de ficar exibindo com empáfia as informações sobre aqueles bibelôs orientais em mansões europeias; o desejo é entender o contexto, a rede de biografias que evoca, para meditar com o leitor sobre nosso apego ou desapego às coisas. Ao menos para mim este é o tema maior, o motivo que anima toda a composição do livro.

De Waal considera um netsuquê, por levar até dois meses para ser feito, sem somar a destreza que os séculos ensinaram a cada geração, “uma pequena e tenaz explosão de exatidão”; cita Edmond de Goncourt o comparando com um aforismo por sua elegância; vê nele um trabalho ao mesmo tempo preciso e desprendido, com uma noção de tempo nem sempre acessível aos ocidentais. Pede por uma história do tato, que “não é apenas dos dedos, mas de todo o corpo”, e conta que sempre lhe perguntam no ateliê se não odeia ver os objetos que fez indo embora do estúdio, em mãos endinheiradas que nem sempre lhes dão o devido valor estético. O autor responde: “Não odeio. Eu ganho a vida deixando que as coisas partam. Você só espera que elas encontrem seu caminho no mundo e tenham alguma longevidade”. E esses netsuquês fizeram um caminho e tanto no mundo, independentemente de contar a história de sua família.

De Waal não cai no erro comum aos que investigam genealogia de dar a ela um peso lógico ou simbólico exagerado (como até Pedro Nava cai em suas primorosas memórias). Talvez o fato de sermos descendentes desta ou daquela nacionalidade e ter um certo “sangue” influencie tendências de nosso comportamento, mas não há nada mais fácil para transmitir vaidades ou culpas. Ele não está procurando a si próprio ao viajar e narrar as gerações que o antecederam. Num dos capítulos finais, escreve: “Não há nenhum sentimentalismo, nenhuma nostalgia. Trata-se de algo muito mais duro, literalmente mais duro. É uma espécie de confiança”. Não se trata de querer entesourar memórias como se esquecer fosse um pecado, de depositar em coisas uma prova de identidade indispensável. Estou pensando no físico Jayme Tiomno, também por origem judeu russo, que, ao ser trazido para o Brasil, ouviu do pai que tudo que temos está na cabeça, na capacidade de pensar e lembrar o que importa. (Ele me contou isso em entrevista, deixando escapar um pequeno acesso emotivo, que logo tratou de reprimir. Isso só fez o argumento ainda mais poderoso.) Nenhum objeto substitui a memória; pode servir apenas como metáfora ou lembrete.

Me dou conta de que cheguei ao sexto parágrafo e mal resumi o livro, que afinal descreve passo a passo as vidas da família Ephrussi, que começou sua fortuna produzindo e especulando com trigo e depois se tornou dona de bancos, em determinado momento se aparentando aos Rothschilds e outros clãs milionários. Por outro lado, sempre estiveram muito próximos da alta cultura. De Waal alega consistentemente que Charles Ephrussi, editor de uma revista de arte e autor de um livro sobre Dürer, amigo de Degas e Renoir, secretariado pelo ótimo poeta Jules Laforgue, é uma das inspirações para Proust compor Swann, o esteta cosmopolita, habitué de salões aristocráticos, que adere à onda do japonismo do meio artístico francês e, mais tarde, passa ao gosto pelo estilo Império, mais pomposo e assimilado – e que defende Dreyfus e acaba pagando por isso o preço de ver explodir o antissemitismo latente na Belle Époque.

Esse é outro assunto forte no livro, e nos capítulos vienenses ganha tons trágicos. Viktor Ephrussi, que herda os netsuquês de Charles e os deixa no quarto de vestir da mulher, Emmy, colecionadora de roupas e amantes, se sente integrado à alta sociedade austríaca e pensa encarnar o ideal iluminista alemão da “Bildung”, da educação erguida sobre clássicos literários. Sua filha, Elisabeth, advogada, ensaísta e poeta, que também ficaria um tempo como guardiã dos netsuquês, se corresponde com o genial Rainer Maria Rilke. Quando vem a Primeira Guerra, que poria fim à era dourada da civilização europeia, eles imediatamente aderem à causa. Mas depois dela se veem pintados como os culpados da derrocada econômica, em cuja esteira se segue o rolo nazista, e com a Segunda Guerra são obrigados a se dispersar em exílios. De Waal nota algo em que eu não havia pensado com clareza: essas famílias judias, de raízes espalhadas da Rússia à França e hegemônicas na Europa Central, também por isso incomodavam o nacionalismo vigente.

Viktor, diz o autor, deixa “sua terra de Dichter e Denker, de poetas e pensadores” transformada “na terra de Richter e Henker, juízes e carrascos”, e emigra com apenas uma mala. Coube a Anna, a empregada alemã gentia, salvar os netsuquês da fúria burocratizada de Hitler, os quais foram para a Inglaterra com Elisabeth. É lá que Ignace, seu irmão, voltando da guerra em que atuara como soldado pelas forças americanas, um dia manipula as miniaturas e decide ir viver – com elas – no Japão. Embora fora de moda, ali os netsuquês deixam de ser uma vitrine exótica numa Europa tão criativa quanto destrutiva e, enfim, parecem levar uma vida feliz, com Iggie e seu jovem companheiro japonês, Jiro, onde diferenças culturais aproximam ao invés de afastar. Felicidade não como em comercial de TV, mas a simples sensação de ter mais dias bons que ruins, a realização sempre imperfeita de afetos e vocações, a consciência do que nos faz bem e o acesso frequente e desencanado a esses prazeres.

Leio o livro em alguns dias, ansioso para continuar a cada página folheada, triste ao chegar ao final, mas o objeto semiartesanal de celulose e tinta ganha alguma longevidade em minha mente. Penso nas coisas que levaria caso mudasse de país. Tenho um lado “maverick”, sou homem de poucos apegos emocionais: minha mulher, meus filhos, uma pequena parte dos meus livros (os mais manuseados e anotados, com as lambadas mais craqueladas), algumas fotos, objetos e quadros, dentre eles seguramente a estampa japonesa que comprei em Kyoto de um poeta indo visitar um eremita no meio de montanhas e cachoeiras. Gosto do meu apartamento e de meus amigos, mas “já morei em tantas casas que nem me lembro mais” e os amigos viajariam até nós de vez em quando. Ao mesmo tempo, ainda quero realizar alguns sonhos, inclusive comprar isto ou aquilo – quem sabe o netsuquê de um tigre –, e aprender muito. É uma espécie de confiança.

Mudança nos dias letivos.

O Ministro Haddad propõe aumento dos dias letivos como mecanismo para melhorar os índices educacionais no país. A proposta prevê perdas de dias do recesso e partes das férias em janeiro. Está comprovado que o aumento de dias letivos não provoca melhorias no quadro educacional, saímos dos 180 para 200 dias e o que aconteceu? A educação permanece um caos pois, não se melhora educação sem reparar a qualidade de vida de um povo, não se melhora educação pagando baixa remuneração aos professores, não se melhora educação com escolas desestruturadas e funcionando a base do improviso, não se melhora educação garantindo bolsa-escola e outros artifícios com intuito apenas de manter o aluno preso à unidade de ensino.
Temos assistido discursos tímidos e que nas entrelinhas sinalizam para a aceitação da proposta de Haddad, dizer que, o aumento dos dias letivos se não vier acompanhado de outras medidas em nada modificará o ensino, é uma forma indireta de aceitar mais um golpe contra os trabalhadores em educação. Precisamos barrar o projeto, a sua implementação. Sindicatos, partidos políticos, alunos e professores precisam mobilizar-se. Utilizemos a internet, e demais meios de comunicação para esclarecer a inutilidade da proposta do Ministro da Educação, reformas paliativas são apenas mais um artifício para maquiar a situação educacional no país.
O mundo inteiro tem se rebelado contra medidas arbitrárias que ferem e retiram direitos dos trabalhadores, porque aqui (no Brasil) nos tornamos tão passivos e ordeiros? Onde estão os partidos ditos de esquerda? Por onde anda os políticos que dizem trabalhar pelo povo? E os movimentos estudantis o que andam fazendo?

ENEM



Mais uma vez o ENEM veio mostrar o quanto é falha a lisura deste concurso.Nos últimos anos tem sempre um problema durante a realização das provas, quer seja vazamento das questões, gabaritos trocados, divulgação do tema da redação antes do tempo previsto e tantas outras coisas.Este ano não foi diferente: estudantes de um colégio particular em Fortaleza, faziam simulados com as mesmas questões que seriam aplicadas no ENEM. Fora as inúmeras falhas. Se existe culpado  ou culpados para que todo ano haja falha na aplicação das provas, ele ou eles devem ser punidos. Se for caso de polícia, que a Polícia Federal entre no caso para apurar a quem interessa esse tipo de coisa acontecer. Fica aqui o meu repúdio aos responsáveis pelo ENEM que mais uma vez mostraram o quanto são incompetentes.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O português de bengala


Ivan Angelo | 05/10/2011.

Desculpe o título, que pode ter levado você, leitor, ao engano de precaver-se contra alguma anedota preconceituosa ou, se é dos que apreciam tal anedotário, à decepção de não encontrar aqui o que esperava. O título se refere à língua portuguesa, “inculta e bela”, hoje também trôpega.

Trôpega, entre outras coisas, porque na língua falada no Brasil se abusa de expressões que não são necessárias para o sentido do que se fala, servem apenas de bengala para quem fala, nas quais as pessoas se apoiam no intuito de ganhar um tempinho para encaminhar melhor a ideia, ou que para nada servem, a não ser talvez manter o passo. Sem o abuso, tais expressões dão colorido à linguagem; com ele, incomodam, e aí temos a fala apoiada em bengala ou, nos casos mais graves, em muleta.

Não me refiro a cacoetes, que estes são pessoais e marcam quem fala, mas a muletas coletivas, gerais. Cacoetes são como o do tio de um jornalista mineiro que, de tanto encaixar aqui e ali a palavra “porém”, ganhou o apelido de tio Porém, a quem o jornalista pandegamente chamava de “meu tio adversativo”. Ou o daquela psicóloga mineira que, de tanto repetir “percebe”, ficou sendo a Maria Percebe. Ou o da tia portuguesa que em cada frase mete dois “portanto”.

Você naturalmente já ouviu falas que andam por aí de bengala.

Eis um exemplo de bengala: “Sabia?”. Na dramaturgia fácil das telenovelas, aparece vinte vezes por capítulo. Não se faz uma afirmação, por mais banal, sem apoiá-la na bengala: “sabia?”. Dá vontade de dar neles com a bengala, assim: os atores da Globo falam todos do mesmo jeito, sabia? Os mais novos vão copiando os mais velhos, sabia? Nas novelas antigas não falavam tantos “sabia”, sabia? Quase sempre são os atores que põem esses cacos, sabia?

Tem bengala que já entra no começo da fala, como o “então”. Sem quê nem pra quê, como se a pessoa concluísse uma explanação ou retomasse uma fala que não houve, alonga-se um “então” depois de um silêncio: “Então...não sei ainda se vou fazer pedagogia”.

Tem a bengala explicativa: “O que acontece?”. Precede uma explicação, uma justificativa, mas não é necessária.

Tem a bengalinha do pronome inútil (ele, ela), sem a menor função na frase: “A prefeitura ela demora trinta dias para fornecer uma guia”; jornalistas da televisão dizem:  “As informações elas continuam chegando”; ou: “ O leão ele não corre de graça”.

E tem também a bengalinha da preposição inútil “em”, sem função: “Somos  em quatro”; “Éramos em dois”.

Tem uma bengala já antiga na língua, o “entende?”, com a qual se pretende induzir alguém a compreender o que geralmente é simplíssimo. Joaquim Nabuco, em1900, imaginem, 1900!, já se queixava dessa bengala e de quem a usava: “Todos nós temos algum conhecido que pontua as suas frases com esse fatigante ‘entende?’ que os nervos do marquês de Maricá não podiam suportar. O ‘entende?’ do indivíduo que quer forçar o ouvinte a nada perder do que ele diz”. ( "Minha Formação", capítulo IV)

Usam-se por aí muitas outras expressões que, quando desnecessárias nas frases, se tornam penduricalhos: “tipo assim”, “não é verdade?” etc. Imagine uma fala simples:

— Não sei ainda se vou fazer pedagogia. É complicado lidar com criança. A criança exige muito, não sabe fazer as coisas sozinha. Fico na dúvida.

Tem gente que para dizer isso se apoia numa porção de bengalinhas:

—Então... Não sei ainda se vou fazer pedagogia. O que acontece? É complicado lidar com criança, sabia? A criança ela exige muito, tipo assim, não sabe fazer as coisas sozinha, entende? Fico na dúvida, não é verdade?

Prefiro a língua mais enxuta e exata. Entende?

crônica, Ivan Angelo, O português de bengala, língua portuguesa.

A arte de Calar!


A ARTE DE CALAR!!! O silêncio é um momento vivificante de graça, em que a criatura se cala, mas o espírito fala... Calar sobre sua própria pessoa, é humildade, calar sobre os defeitos dos outros, é caridade... Calar quando a gente está sofrendo, é heroísmo, calar diante do sofrimento alheio, é covardia... Calar diante da injustiça, é fraqueza, calar quando o outro está falando, é delicadeza... Calar quando o outro espera um palavra, é omissão, calar e não falar palavras inúteis,é penitência... Calar, diante do mistério, é sabedoria, calar quando DEUS nos fala no coração, é silêncio.

Sentimos...

"Sentimos saudade de certos momentos da nossa vida
e de certos momentos de pessoas
que passaram por ela.”

-Drummond -

"Depende de você"


Depende de você
A paz que você reclama e tenta encontrar...
depende de você.
A compreensão que você reivindica a cada passo...
depende de você.
A bondade que você admira nas pessoas...
e sonha possuir...
depende de você.
O diálogo, base de toda convivência...
depende de você.
A abertura que é o caminho para a renovação...
depende de você.
A realização que você julga essencial...
depende de você.
O amor que você quer encontrar no outro...
depende de você.
Pondere:
Queixar-se ou produzir, atrapalhar ou servir,
desprezar ou valorizar, revoltar-se ou colaborar,
adoecer ou curar-se, rebaixar-se ou abrir-se,
estacionar ou progredir é uma questão de escolha.
"Depende de você".

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Um pouco de Shakespeare


"Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dará mão e acorrentar a alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa aprender que beijos não são contratos, e que presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e os olhos adiante, com graça de um adulto e não a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair meio em vão."
"Depois de algum tempo, você aprende que o sol queima, se ficar a ele exposto por muito tempo. E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que, não importam quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo (a) de vez em quando, e você precisa perdoa-la  por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que leva-se anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá para o resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer, mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos, se compreendermos que os amigos mudam. Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com que você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso, devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos."
"Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm muita influência sobre nós, mas que nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que você pode ser. Descobre que leva muito tempo para se chegar aonde está indo, mas que, se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados."
"Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer,enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.Descobre que algumas vezes, a pessoa que você espera que o chute, quando você cai, é uma das poucas pessoas que o ajudam a levantar-se. Aprende que a maturidade tem mais a ver com tipos de experiências que se teve e o que se aprendeu com elas, do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais de seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes, e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva, tem direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama mais do jeito que você quer não significa que esse alguém não o ame com todas as forças, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprende que nem  sempre é suficiente ser perdoado por alguém, e que algumas vezes, você tem que aprender a perdoar a si mesmo."
"E que, com a mesma severidade com que julga, será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára, para que você
junte seus cacos. Aprende que o tempo não é algo que se possa voltar para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende realmente que pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir mais longe, depois de pensar que não pode mais. E que realmente a vida tem valor diante da vida !!!"

William Shakespeare

Surrealismo


o surrealismo é tudo o que não consegues dizer,
é o que olha ao redor do interior dos frutos
é gesto-gesso-movimento

o surrealismo é o pescoço que dá a volta completa
é olhar de cima sem precisar de subir
é uma criança à beira-rio sacudindo as águas para fazer mar

o surrealismo são dez dedos na mesma mão
são ventos, são viagens por dentro
em barcos à manivela
em dias puxados pelos dentes.

domingo, 23 de outubro de 2011

A Garota da Capa Vermelha



A Garota da Capa Vermelha é uma versão Dark da história da  Chapeuzinho Vermelho.
O livro de Sarah, baseado no roteiro do filme de David, conta a história de Valerie, uma garota que mora no vilarejo Daggorhorn – aquele pequeno, em que todo mundo sabe da vida do outro e conhece – com sua mãe, Suzette; seu pai, Cesaire e sua irmã perfeita, Lucie.
A aldeia é meio que amaldiçoada por um Lobo que necessita de um sacríficio em toda lua cheia, quando ele se transforma e após anos sendo oferecido um animal ao lobo, o animal quebra a trégua e a partir daí começam os ataques contra os aldeões.
Enquanto isso, a vida de Valerie está cheia e nem um pouco tranquila. Ela está passando por problemas familiares, está de casamento arranjado com um noivo – Henry, de família nobre do vilarejo; é gentil e cavalheiro – que ela não quer e por isso não pode ficar junto de seu amor – Peter, sua paixão de infância; misterioso, aparece no vilarejo após anos e ainda há algo entre os dois.
Tudo muda quando chega ao vilarejo Peter e Father Solomon – o Padre caçador de lobisomens que veio para salvar a aldeia mas acaba sendo um chato (aquele que um monte de livros e filmes tem, que você odeia as atitudes e o pessoal se deixa levar por ele, sabe?). Agora Valerie não sabe mais em quem confiar e chega até a desconfiar de sua família. Sua amigas; Roxanne, Rose e Prudence a traíram e sua vida está desabando.
O livro tem um ritmo – mas tem algumas coisas bizarras como a máscara de lobo que colocam na Valerie e a tortura que o irmão de Roxanne recebe, se você não dar uma olhada nas páginas finais, fica com o mistério sobre quem é o Lobo até o fim – as pistas sobre o ser humano que se transforma em Lobo são escondidas no livro quase até os últimos capítulos e todos são suspeitos -, e de um jeito que te prende até chegar ao final e encontrar uma única decepção: não tem final, sim isso mesmo não tem final. Diferente do filme que apresenta seu pai como o Lobo o culpado por todos os ocorridos da Vila.
Mesmo sem final eu recomendo o livro para todos e garanto que vocês vão gostar muito, a  história do triângulo amoroso de Valerie, Peter, Henry e não vão querer terminar de ler.




Redenção de Cã

Redenção de Cã, de Modesto Brocos.
Redenção de Cã, feito pelo espanhol Modesto Brocos y Gomes, em 1895. Ilustra a Influência do pensamento racista que prevalecia no período Imperialista.

A Redenção seria o branqueamento da raça, que faria os supostos descendentes de Cã adquirirem uma condição considerada superior. O racismo e evidente no quadro. E importante  ressaltar também a posição da mulher, sentada como uma conhecida representação da virgem Maria, com o menino Jesus no braços. A idéia de redenção, assim, é reforçada.

O quadro também serve para mostrar a pintura acadêmica figurativa e realista que se praticava no Brasil. Este assunto ainda é tabú entre nós, mas trata-se claramente de uma apologia a eugenia, pois não posso (ou tenho dificuldade para)concebê-lo como uma crítica social como intenção deliberada do autor da obra. O embranquecimento do Brasil passou a ser uma meta do governo e da sociedade que importava da Europa trabalhadores, principalmente na Alemanha e Norte da Itália, como uma forma de mitigar a grande 'mancha negra' como dizia Nabuco, por isso a senhora negra está tão agradecida. Ela se considera uma vitoriosa, pois ao cabo da segunda geração, conseguiu 'melhorar' sua raça (sic) o que nos remete a uma infeliz, mesmo triste constatação de como os próprios negros percebiam que o embranquecimento que afinal lhes garantiriam ascender a um lugar que jamais chegariam socialmente devido a cor da pele. Essa realidade cruel se reproduz até hoje no Brasil.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Aprenda a gostar de você



"Aprenda a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você...
A idade vai chegando e, com o passar do tempo, nossas prioridades na vida vão mudando...
A vida profissional, a monografia de final de curso, as contas a pagar...
Mas uma coisa parece estar sempre presente... A busca pela felicidade, com o amor da sua vida.
Desde pequenas ficamos nos perguntando "quando será que vai chegar?" E a cada nova paquera, vez ou outra nos pegamos na dúvida "será que é ele?".
Como diz meu pai: "nessa idade tudo é definitivo", pelo menos a gente sempre achava que era.
Cada namorado era o novo homem da sua vida.
Fazíamos planos, escolhíamos o nome dos filhos, o lugar da
lua-de-mel e, de repente...
PLAFT! Como num passe de mágica ele desaparecia, fazendo criar mais expectativas a respeito "do próximo".
Você percebe que cair na guerra quando se termina um namoro é muito natural, mas que já não dura mais de três meses.
Agora, você procura melhor e começa a ser mais seletiva.
Procura um cara formado, trabalhador, bem resolvido,
inteligente, com aquele papo que a deixa sentada no bar o resto da noite.
Você procura por alguém que cuide de você quando está doente, que não reclame em trocar aquele churrasco dos amigos pelo aniversário da sua avó, que jogue "imagem e ação" e se divirta como uma criança, que sorria de felicidade quando te olha, mesmo quando você está de short,camiseta e chinelo.
A liberdade, ficar sem compromisso, sair sem dar satisfação, já não tem o mesmo valor que tinha antes.
A gente inventa um monte de desculpas esfarrapadas, mas
continuamos com a procura incessante por uma pessoa legal,que nos complete, e vice-versa.
Enquanto tivermos maquiagem e perfume, vamos à luta... E
haja dinheiro para manter a presença em todos os eventos da
cidade: churrasco, festinhas, boates na quinta-feira.
Sem falar na diversidade, que vai do Forró ao Beatles.
Mas o melhor dessa parte é se divertir com as amigas, rir até doer barriga, fazer aqueles passinhos bregas de antigamente e curtir o som...
Olhar para o teto, cantar bem alto aquela música que você adora.
Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com
uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.
Percebe também que aquele cara que você ama (ou acha que ama), e que não quer nada com você, definitivamente não é o homem da sua vida.
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.
O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar, não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você! "


Mário Quintana